Ação na I Mostra MAR - Mulheres, Ativismo e Realização (Cachoeira-BA) - PARTE II - WORKSHOP

 Depois da montagem da Expo Pública às 9h da manhã, na I Mostra MAR - Mulher, Ativismo e Realização (Cachoeira-BA), às 15h aconteceu a Workshop Vandalismo e Subversão.

 Começamos com uma simples - mas poderosa - pergunta: "O que te incomoda?". Fizemos uma roda e cada um foi falando suas respostas. Tiveram muitas em comum, em especial: racismo, machismo, homofobia e corrupção. Esses foram os incômodos mais ouvidos. Alguns dos participantes da workshop falaram emocionados suas respostas, aproveitaram e contaram alguns relatos, tudo dentro daquela roda que, depois de experienciar, percebi que era como um "clube afetivo" ou uma zona de proteção.

 Depois disso, estendemos alguns metros de papel e distribuí apenas alguns marcadores nas cores vermelha e preta - além do que encontrei no meu estojo, que na verdade eram umas canetas para tecido.
Eu estimava que uns 2 metros de papel seriam o suficiente para as 10 pessoas que estavam ali. Mas depois fui obrigada a estender quase 5 metros; tudo foi completamente preenchido com frases de efeito, aforismos, desabafos, pedidos de justiça ou de tolerância. Uma experiência catártica que me espantou muito.
 Depois, num trabalho coletivo, fixamos aquele lambe enorme na parede da exposição.

 Os aforismos e poemas urbanos da pixação se baseiam numa coisa quase instintiva, onde as paredes são preenchidas, em resumo, com desabafos sobre os riscos de se viver na cidade, a exploração do sistema e as relações humanas resultantes disso.
 Estamos tão divididos, nos são impostas tantas condutas corporais e emocionais que, para aqueles que têm a consciência, a única forma de se externar isso é através de uma forma de arte ágil, instintiva (catártica) e por isso, pode ser feita bem ali, onde se tem um acesso "fácil" (não tão fácil quando se trata da polícia e dos conservadores).
 Há quem faça por um grande nada. Mas esse grande nada é político. Motivações são várias, mas nada que se precise explicar na rua, que é livre, e é (deveria ser) nossa. Mesmo um simples desenho na parede que pode não representar absolutamente nada num primeiro olhar, é um ato político.
 Pixação, grafite são formas de arte marginais. São vistas como invasoras, agressivas e, novidade que ouvi, uma forma de apropriação da minha parede. Mas agressivas não são as propagandas que nos são jogadas goela à baixo todos os dias em outdoors, cartazes, na internet, televisão e panfletos? aliás principalmente na época de propaganda eleitoral, fico pensando na sujeira que isso faz na cidade

 Quando coloco para fora esse sentimento decorrente de todas as opressões das quais tenho consciência, com os poucos recursos que me são dados, com o mínimo de liberdade que me é dada, por quê isso é uma forma de vandalismo - ou de invasão ou de apropriação?
 Somos obrigados a ter uma série de condutas, por quê?
 E com todo esse peso em comum, por quê não trabalhar coletivamente pra que se mude isso?
 Por quê ao invés de surtarmos nesse ciclo antropofágico, não nos acolhemos, não nos ajudamos?

Roda de conversa - Marie falando sobre censura e sua exposição "Murros"

Esta lista foi passada para os participantes, depois da roda de conversa. Aqui os nomes e contatos foram preservados por razões óbvias
















 



Ação na I Mostra MAR - Mulheres, Ativismo e Realização (Cachoeira-BA) - PARTE I



Como parte integrante da programação da I Mostra MAR - Mulheres, Ativismo, Realização, as ações da Exposição Pública Não-Autorizada foram realizadas no dia 19 de maio (sábado). Às 9h da manhã aconteceu a montagem da exposição e depois, às 15h, a workshop de "Vandalismo e Subversão". Aqui neste post deixarei o registro da montagem da exposição e um pouco dos bastidores. :)
 Whatever...
 Foi tudo muito livre, subversivo, direto, como tem que ser. Afinal é pra isso que usamos a rua como lugar de fala. Quem nos fecha entre quatro paredes é aquilo que nos sufoca!
 E por falar em sufocar, por conta de alguns acontecimentos envolvendo a censura da exposição "Murros", da artista Marie Thauront, que também integrou a programação da mostra, eu e ela decidimos usar a arte como forma de protesto. Pixamos boa parte das fotos da expo na madrugada do dia em que cheguei (sexta-feira, dia 18), enquanto o evento acontecia e o patriarcado não tinha a menor ideia do barulho que estávamos planejando. No sábado abalamos as estruturas.
 Não devemos deixar que nos calem por sermos mulheres. Não devemos deixar que nos marginalizem apenas por expressarmos nossas ideias e por exter(mi)narmos o peso das opressões em forma de arte -  que muitas vezes é o que nos resta. Não devemos deixar QUE UM ÚNICO HOMEM tenha poder sobre VÁRIAS MULHERES.

Somos Todas MURROS! #Descoloniza
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Cachoeira-BA é linda!

Mais de Cachoeira-BA
Mais ainda de Cacho(linda)eira


Foto do meu café da manhã estilo Tumblr, pra dar aquela invejinha :D logicamente rolaram mais 3 depois deste prato.

Lógico, foto clássica no quarto da pousada (depois de um dia de trabalho!)
Agora sim eu prometo que a ostentação terminou e vamos às fotos: 




Longa jornada noite adentro

Nos preparativos para a GRITARIA!

Aplicação dos nossos cartazes com informações legítimas, verdadeiras ;)





Etiqueta simpática

Pouca vergonha sobre poste de 1888 ;)



Exposição em montagem



Em primeiro plano, seios mudos, ao fundo canhões fálicos



Ação Marie + Liz! #SomosTodasMurros



#SomosTodasMurros

Foto querida! Marie + Liz #SomosTodasMurros #Descoloniza!

Um pouco do resultado final (que foi filmado e logo será postado).